terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Ferreira Gullar

Olá, meus queridos amigos.
Hoje, uma edição especial para falar sobre um escritor muito querido, que tive uma grande alegria em homenageá-lo algumas vezes, aqui no nosso "Cantinho da Literatura".
Ferreira Gullar faleceu no domingo, 4 de dezembro.
 
Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira (São Luís, 10 de setembro de 1930  Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 2016), foi um escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro e um dos fundadores do neoconcretismo. Foi o postulante da cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras, na vaga deixada por Ivan Junqueira, da qual tomou posse em 5 de dezembro de 2014.
 
Ferreira Gullar, escritor Maranhense que lutava pelo que acreditava e como disse a sua filha Luciana, "Foi poeta até o último instante".
 
O "Cantinho da Literatura", homenageou Ferreira Gullar em agosto de 2013, com "Um instante", uma de suas poesias tocantes, e algumas de suas frases, assim como em fevereiro de 2014, com mais alguns de seus pensamentos nobres, com a sua cultura popular, e em 16 de outubro, uma justa homenagem sobre a sua eleição para ocupar a Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a cadeira 37, ocupada pelo poeta Ivan Junqueira.
 
Hoje, especialmente, no meio de um legado memorável, escolhi duas poesias para uma dolorosa despedida de um gênio da literatura que na certa fará muita falta, mas as homenagens continuarão e com certeza, será sempre lembrado e homenageado com carinho no nosso blog da amizade, e fica a nossa imensa gratidão por  uma pessoa que transformava sentimentos. "A transformação da tristeza em alegria". e essa alegria será eterna, em cada frase, em cada pensamento, em cada verso, em cada poesia de Ferreira Gullar.
 Abraços da amiga Janete
 

Poema: Extravio – Ferreira Gullar
Extravio
Onde começo, onde acabo,
se o que está fora está dentro
como num círculo cuja
periferia é o centro?
Estou disperso nas coisas,
nas pessoas, nas gavetas:
de repente encontro ali
partes de mim: risos, vértebras.
Estou desfeito nas nuvens:
vejo do alto a cidade
e em cada esquina um menino,
que sou eu mesmo, a chamar-me.
Extraviei-me no tempo.
Onde estarão meus pedaços?
Muito se foi com os amigos
que já não ouvem nem falam.
Estou disperso nos vivos,
em seu corpo, em seu olfato,
onde durmo feito aroma
ou voz que também não fala.
Ah, ser somente o presente:
esta manhã, esta sala.
Poema: Neste Leito de Ausência – Ferreira Gullar
Neste Leito de Ausência
Neste leito de ausência em que me esqueço
desperta o longo rio solitário:
se ele cresce de mim, se dele cresço,
mal sabe o coração desnecessário.
O rio corre e vai sem ter começo
nem foz, e o curso, que é constante, é vário.
Vai nas águas levando, involuntário,
luas onde me acordo e me adormeço.
Sobre o leito de sal, sou luz e gesso:
duplo espelho — o precário no precário.
Flore um lado de mim? No outro, ao contrário,
de silêncio em silêncio me apodreço.
Entre o que é rosa e lodo necessário,
passa um rio sem foz e sem começo.
[Poemas Portugueses]
 
"Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão."
Obrigada, Ferreira Gullar.
Descanse em paz.
 

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