Mostrando postagens com marcador PORTUGUÊS PASSO A PASSO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador PORTUGUÊS PASSO A PASSO. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Concordância Nominal


Olá meus queridos amigos
Essa é mais uma dica do professor Pasquale para vocês.
Vamos recordar e esclarecer mais algumas dúvidas, com esses exemplos.

Liso, leso e louco

O leitor certamente conhece a expressão que dá título a este texto. Empregada em boa parte do país, indica que o sujeito está completamente desprovido de dinheiro, ou, como se dizia antigamente, “pronto” (“Nesta prontidão sem fim, vou fingindo que sou rico pra ninguém zombar de mim”, diz Noel Rosa na letra de “Filosofia”).

Pois bem, dia desses, numa conversa sobre política e economia, alguém disse na televisão que determinada atitude era “verdadeiro crime de lesa-patriotismo” ou “leso-patriotismo”? Num primeiro momento, pode-se ter a impressão de que, nesse caso, o elemento correto seja “lesa”, por se tratar de forma do verbo “lesar”. A ideia, no entanto, é outra. O que temos aí é o adjetivo “leso”, que entra no composto e se ajusta ao substantivo que o segue. Assim, o crime é de “leso-patriotismo”, isto é, de patriotismo “lesado”, “prejudicado”, “ferido”, ou de “lesa-pátria”, isto é, de pátria “lesada”, “prejudicada”, “ferida”.

 “Pseudo”

Outro termo presente em compostos e causador de dificuldades é “pseudo”, elemento de composição que vem do grego e significa “falso”.

Pois é aí que está o xis do problema: por ser semanticamente equivalente ao adjetivo “falso”, tem-se empregado “pseudo” como se fosse o próprio adjetivo, em frases como “Não passam de pseudos defensores dos fracos e dos oprimidos” ou “São pseudos literatos”.

Em tese, “pseudo” é elemento de composição (elemento que não tem vida autônoma na língua). Em sendo assim, “pseudo” recebe tratamento de prefixo, ou seja, agrega-se a um termo posterior sem sofrer flexão: “pseudoatriz” (e não “pseuda-atriz”). O hífen aparece apenas quando “pseudo” se junta a palavras iniciadas com “h” ou com “o” (“pseudo-historiador”, “pseudo-humanista”, “pseudo-ortorrômbico” etc.). Nos demais casos, a ligação entre “pseudo” e a palavra posterior é feita diretamente (“pseudomédico”, “pseudoesforço” etc.).

Convém registrar a observação feita pelo Houaiss sobre “pseudo”:

“Modernamente, em linguagem informal, que não pertence ao dialeto culto, vem sendo empregado como adjetivo qualificativo, mas ainda antepositivo”. Em seguida, o dicionário dá dois exemplos: “pseudos amigos” e “pseudas flores”. Que fique claro, pois: em linguagem culta, não se flexiona o elemento “pseudo”: “Não passam de pseudoamigos”; “Na investigação do caso, a polícia conta com a participação de pseudotraficantes”.
 
“Leso”
A palavra “leso” vem do latim e equivale a “ferido”, “lesado”, “danificado”, “prejudicado”. Vê-se que, nesses casos, “leso” é adjetivo, como neste exemplo do escritor Aquilino Ribeiro, citado no Aurélio: “Gama, embora ferido, um braço leso de todo, persistia em combater”.
Em algumas regiões do Brasil, esse adjetivo é usado na linguagem informal com o sentido de “amalucado”, “doido”, “idiota”, o que também se vê em literatura, como neste exemplo do genial escritor alagoano Jorge de Lima, citado no Aurélio: “Joaquina Maluca, você ficou lesa/não sei por que foi”.
Até a próxima semana com mais dicas de português para vocês.
Abraços da amiga Janete

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Portugês passo a passo - Crase

Olá, meus queridos amigos
Não sei se vocês ficaram curiosos em saber qual seria o assunto dessa semana, mas confesso que eu fiquei ansiosa para apresentar mais uma dica do professor Pasquale, e dessa vez, sobre "CRASE".
Se a "Concordância  Verbal" é um caso complicado de se entender, imagine o emprego da crase, que às vezes nos deixa muitas dúvidas...
"Crase significa fusão, mistura (a + a, por exemplo). O sinal que indica esse fenômeno é o acento grave (à)", e hoje, o professor Pasquale vai nos ajudar a entender quando se deve usar esse sinal.
 
A crase e os casos proibidos
 
Vamos ver alguns detalhes básicos da bendita crase. Em qualquer manual que trate do assunto, sempre aparecem listas dos casos em que é impossível pensar em crase, os casos proibidos, proibidíssimos. O número 1 sempre é o das palavras masculinas. Está escrito em qualquer apostila, em qualquer manual: "não ocorre crase antes de palavras masculinas".
Até aí, nenhum problema, desde que se use o raciocínio. Lembremos por que não ocorre crase antes de palavra masculina. Porque palavras masculinas não admitem artigo feminino, o que é mais do que óbvio. No entanto é mais do que comum encontrarmos por aí algo como "ferro à vapor", "freio à disco", "barco à remo", "carro à álcool", "sal e pimenta à gosto" etc.
TUDO ERRADO
"Vapor", "disco", "remo", "álcool" e "gosto" são palavras masculinas, por isso não é possível encontrar artigo feminino antes delas.
O "a" que as antecede é mera preposição. Deve-se grafar "ferro a vapor", freio a disco", "barco a remo", "carro a álcool", "sal e pimenta a gosto".
 
"À moda de"
O problema, como sempre, é a decoreba. Veja novamente o caso da famosa expressão "à moda de".
Em "bacalhau à Gomes de Sá", por exemplo, a expressão "moda de" está subentendida. Na verdade, o que se tem é "bacalhau à (moda de) Gomes de Sá". Agora troque a palavra feminina "moda" pela masculina "estilo". O que ocorre? O "à" vira "ao": "bacalhau ao estilo de Gomes de Sá". Isso prova o acerto no emprego do acento grave.
De início, os mais afoitos podem achar que o "a" não pode receber acento porque vem antes de Gomes de Sá, nome masculino. Na verdade, o "a" vem antes de "moda", palavra feminina, subentendida.
É o mesmo caso da expressão "à francesa" ("à moda francesa"), que dá título a uma música de Cláudio Zoli e Antônio Cícero.
 
"Meu amor, não vai haver tristeza
Nada além de um fim de tarde a mais
Mas depois as luzes todas acesas
Paraísos artificiais
E se você saísse À francesa
Eu viajaria muito, mas
muito mais."
 
Aparentemente masculino
 
Veja este caso: "A proposta dele é igual a dos concorrentes". Que tal? O "a" vem antes de "dos concorrentes", masculino plural. Nem pensar em acentuar esse "a", certo? Errado!
Quem disse que esse "a" vem antes do masculino? A palavra "igual" exige a preposição "a". Se uma coisa é igual, é igual a outra. E onde está o segundo "a"? Vem do substantivo "proposta", subentendido: A proposta dele é igual à (proposta) dos concorrentes".
Troque "proposta", palavra feminina, por "projeto", palavra masculina. O que acontece? O "a" vira "ao": "O projeto dele é igual ao (projeto) dos concorrentes". Percebeu? Se antes de masculino aparece "ao", antes de feminino só pode aparecer "à".
Então, mais uma vez, cuidado com a decoreba cega. Reflita. Pense.
 
Espero que tenham aprendido mais sobre "CRASE", e conto com vocês na próxima semana, com mais dicas sobre Português passo a passo.
Abraços da amiga Janete
 
 
 
 
 
 
 

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Portugês passo a passo - Concordância Verbal

Olá meus queridos amigos.
Sabemos que a concordância verbal é um caso complicado de se entender, mas tenho certeza que não será mais, com os exemplos que teremos a partir dessa edição com o nosso querido professor.
Nas duas postagens sobre concordância verbal que estão disponíveis no PORTUGUÊS PASSO A PASSO do nosso blog, tivemos exemplos de "Concordância duras de engolir" e "Sou dessas mulheres..." inspirados na música "Folhetim" de Chico Buarque; um jeito muito especial que o professor Pasquale encontra para que aprendamos na prática de alguns casos corriqueiros, como ele já citou.
"Cuidado! Quando você começa uma frase pelo verbo, pode acabar se dando mal na concordância com o sujeito".
 
"Qualquer dos cônjuges podem..."
 
Com quem ficam os filhos quando um casal se separa?
Esse é o assunto de muitos dos nossos telejornais. "Os tempos mudaram. Hoje, qualquer dos cônjuges podem exigir a guarda dos filhos", afirmou-se no texto lido pelo apresentador.
Diga lá, caro leitor: a concordância que se verifica em "podem" é aceitável nesse tipo de texto? Se não é, por que não é? E qual seria o motivo que leva redatores ou falantes a optar por essa flexão verbal?
Pois bem. A forma verbal "podem", da terceira pessoa do plural, é inadequada; deveria ser substituída por "pode" (Qualquer dos cônjuges pode..."). A terceira pessoa do singular é exigida pelo núcleo do sujeito ("qualquer", pronome indefinido singular).
 
De onde surgiu "podem"?
 
Não é difícil explicar. Quando o núcleo do sujeito está no singular, mas é seguido de especificadores no plural, é normal que o redator (ou o falante) se deixe influenciar pela proximidade do verbo com esses elementos e acabe por flexiona-lo no plural.
O redator fez o verbo ("podem") concordar com "cônjuges". Cá entre nós, a distância entre o verbo e o núcleo do sujeito não é tão grande assim, o que prova que é muito forte a influência do fator "proximidade".
É de notar também que talvez haja outro fator que induza o redator a empregar o verbo no plural: a ideia contida na expressão "qualquer dos cônjuges". Percebeu? Em última análise, informa-se que os dois cônjuges podem.
Bem, depois de vistos os possíveis motivos do emprego da opção inadequada, convém dizer que, nesses casos, a concordância não é feita com a ideia, mas com a forma. A flexão adequada é mesmo "pode": Qualquer dos cônjuges pode...".
 
Outros exemplos
 
Quanto maior é a distância entre o verbo e o núcleo do sujeito, maior é o risco de se deixar influenciar pelo plural dos especificadores, isso explica por que dizemos ou lemos frases como "Em São Paulo, o valor dos aluguéis dos apartamentos de três quartos localizados em bairros nobres subiram".
Não se pode negar que é grande a tentação de colocar o verbo no plural, já que o núcleo do sujeito ("valor") está longe do verbo e é seguido de uma boa turma de elementos no plural ("dos aluguéis dos apartamentos de três quartos localizados nos bairros nobres").
Já em "Nenhum dos diretores consultados pelos jornalistas quiseram conceder entrevista", temos o pronome "nenhum", com o qual se observa o mesmo processo comentado acerca do emprego do pronome "qualquer".
"Nenhum" é zero, nada, por isso exige verbo no singular: "Nenhum dos diretores consultados pelos jornalistas quis conceder entrevista".
Por fim, em "Cada um de nós sabemos por que tomamos determinadas atitudes", o verbo deve concordar com "cada um": "Cada um de nós sabe...".
 
Fique alerta
Ao empregar "cada um de/dos/das", "nenhum/a de/dos/das", "qualquer de/dos/das", "o valor de/dos/das", "o preço de/dos/das" etc, tome cuidado. Não se deixe levar pela tentação de fazer o verbo concordar com os elementos mais próximos.
 
Realmente, o professor Pasquale tem um jeito especial de ensinar e esclarecer dúvidas sobre o nosso idioma, o nosso querido, mas complicado Português.
Assim como eu, espero que vocês tenham aprendido um pouco mais com o nosso "PORTUGUÊS PASSO A PASSO".
Até a próxima semana.
Abraços da amiga Janete
 


terça-feira, 18 de setembro de 2018

Portugês passo a Passo - Concordância Nominal


Olá meus queridos amigos.
Comemoramos oito anos do nosso blog da amizade, e conversando com vocês, prometi voltar com mais algumas dicas de português passo a passo, com ótimas dicas e sugestões do admirável professor Pasquale.
Sim, já faz um tempinho que encerrei a última temporada, mas como promessa é dívida, espero que aproveitem essa oportunidade e esclareçam algumas dúvidas sobre concordância nominal, concordância verbal e crases, com exemplos de alguns casos corriqueiros, como diz o professor.
Para entender melhor, vocês podem revisar alguns exemplos nas postagens anteriores, do "PORTUGUÊS PASSO A PASSO".
Continuando com as dicas de Concordância Nominal, do livro "Português Passo a Passo com Pasquale Cipro Neto" - volume 6.
Vejam esses exemplos:

 
"Por falar em "meio"...
"...De início, é preciso lembrar que essa palavra pode aparecer com diversos valores e significados. Em "Esse não é o melhor meio de resolver o problema", por exemplo, funciona como substantivo e significa "método", "modo", "maneira".
Em "Comprei meio quilo de feijão", é numeral fracionário e significa "metade de". Nesse caso, concorda em gênero e número com o termo modificado ("duas meias porções", "meia dúzia" etc.) É nesse caso que se enquadram expressões como "meio-dia e meia", duas e meia" etc.
 
Até aí, nenhum problema
Como vimos a discussão se estabelece quando se usa "meio" com valor de advérbio, com o sentido de "um pouco", "um tanto", "mais ou menos".
Sabe-se que advérbios não costumam apresentar variação de gênero (masculino/feminino) ou de número (singular/plural).
Não se diz, por exemplo, algo como "Aquela mulher está muita cansada", muito menos algo como "Elas pareciam muitas inquietas". Nos dois casos, emprega-se a palavra "muito", que modifica um adjetivo ("cansada" e "inquietas") e, por isso, tem valor de advérbio e não apresenta variação de gênero e de número. Quando modifica um substantivo, "muito" varia ("Havia muitas mulheres na sala").
 
"Meio" como advérbio
Quando funciona como advérbio, "meio" deveria seguir o mesmo caminho que segue a palavra "muito", ou seja, não deveria variar nos casos em que modifica um adjetivo: "Ela estava meio nervosa". Na língua oral, no entanto, não é o que se costuma verificar; predomina o uso de forma flexionada ("Ela está meia nervosa), o que também se vê em alguns registros clássicos, como este, de Machado de Assis (citado no Aurélio): "A cabeça do Rubião meia inclinada".
No português formal moderno, no entanto, parece mais do que estabelecida a invariabilidade de "meio" quando essa palavra é empregada com valor de advérbio, ou seja, com o sentido de "mais ou menos", "um pouco" etc.
O dicionário Houaiss não menciona o que ocorre nos clássicos e dá estes exemplos de "meio" como advérbio: "Uma tarefa meio acabada"; "Hoje ela acordou meio tristonha". O Guia de Uso de Português, da professora Maria Helena de Moura Neves, diz que, como advérbio, "meio" tem o significado de "um pouco", "um tanto" e "é invariável". Em seguida, o Guia dá dois exemplos (..."eu estava meio indisposta" e " Os óculos de lentes já meio fracas..."), retirados do "corpus" em que se apoia a pesquisa da eminente professora da Unesp.
O Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, também segue a linha do Houaiss não menciona os clássicos e, a julgar pelo exemplário, dá o advérbio "meio" como invariável.
Em português formal
Bem, quando se trata de língua padrão, parece mais adequado optar por "meio" (no lugar de "meia") em frases como "A economia do país ainda está meio debilitada" ou "A advogada parecia meio confusa". 
Então, não são excelentes essas dicas que o professor Pasquale passa nesses exemplos de concordância nominal?
Essas e muito mais, veremos nessa nova temporada de "PORTUGUÊS PASSO A PASSO" no nosso blog da amizade.
Abraços da amiga Janete

Lembra-te sempre: cada dia nasce de um novo amanhecer.



terça-feira, 12 de julho de 2016

Professor Pasquale Cipro Neto - Crase

Olá, meus queridos amigos.
Voltei com mais algumas dicas sobre crase, segundo o professor Pasquale em Português passo a passo; e, para entender melhor a dica de hoje, o professor ensina de um jeito especial citando exemplos da sua própria experiência, vejam como ele apresenta essa aula:

Falsas elipses
"Certa vez, o leitor Arnaldo Augusto Nora Antunes, pai do querido compositor Arnaldo Antunes, escreveu para relatar que algumas pessoas justificam pela elipse (omissão de termo que se subentende) o acento indicador de crase em casos como o de "a 300 metros" ou o de "de Pirituba a Santo André".
No primeiro caso, estaria subentendida a expressão "distância de" ("à distância de 300 metros"); no segundo caso, a palavra "cidade" ("de Pirituba à cidade de Santo André").
O leitor disse que grafaria sem o acento grave, mas queria conhecer minha opinião a respeito.
 
Consulta frequente
Essa pergunta já me foi feita inúmeras vezes, em geral por pessoas que acreditam piamente que a elipse justifica o acento, que, por isso, seria correto. Mas o acento não é correto, não.
Ninguém se refere à Tíbia no masculino, ou seja, ninguém diz que fraturou "o tíbia", deixando subentendida a palavra masculina "osso".
Também não se ouve ninguém dizer que visitou "o Argentina", deixando implícita a palavra masculina "país".
 
À moda
Alguém talvez já esteja pensando em casos como o de "móveis à Luís XV", em que o acento indicador de crase se justifica exatamente pela elipse da palavra feminina "moda"
("móveis à moda de Luís XV").
O acento grave é facilmente comprovável com a troca de "moda" por "estilo", de que surge "ao" ("móveis ao estilo de Luís XV").

 
 
Como ficamos?
Vale a elipse em "à Luís XV", mas não vale em "a 300 metros" ou em "de Pirituba a Santo André"? São casos diferentes, bem diferentes.
Em nome da elipse da palavra "cidade", alguém teria coragem de dizer que mora "na Santo André"? Teria coragem de dizer que se apaixonou "pela Santo André"? E, em nome da elipse da expressão "distância de", teria coragem de dizer que corre "a 300 metros em 40 segundos"? Parece que não.
Definitivamente, não há como justificar o acento indicador de crase em "a 300 metros" ou em "de Pirituba a Santo André", já que, de uma vez por todas, "Santo André" e "300 metros" não admitem o artigo feminino "a".
Continue grafando sem o acento grave, caro Antunes.
 
É inadmissível
Vale a pena lembrar que o poder público - em seus vários níveis (municipal, estadual, federal) - não perde a oportunidade de disseminar o acento grave em placas como "Bem-vindo à São Paulo" ou "Retorno à 2 Km", o que é simplesmente vergonhoso e ridículo.
Proponho aos candidatos a prefeito vitoriosos que incluam em suas obras uma ampla faxina em todos esses desserviços públicos.
Não é preciso criar lei, decreto, portaria, nada. Basta pedir a alguém da Secretaria de Educação ou aos próprios municípios que se encarreguem do assunto, sem barulho, sem estardalhaço. Placas públicas com erros gramaticais são inadmissíveis.
 
Esse professor é demais! Tenho certeza que deu para esclarecer suas dúvidas sobre a "complicada crase", mas em breve, vocês terão mais dicas sobre crase, concordância verbal e concordância nominal.
Vejam as dicas anteriores, no link "PORTUGUÊS PASSO A PASSO", à esquerda da nossa página.
Abraços da amiga Janete
 
 

terça-feira, 10 de maio de 2016

Crase - Português passo a passo

Olá, meus queridos amigos.
Estão lembrados do Professor Pasquale? Já faz um tempinho, desde as últimas dicas de português.
Nas edições anteriores, tivemos alguns ensinamentos sobre concordância verbal e concordância nominal; espero que tenham sido úteis e que tenham entendido esse jeito simples, prático e inteligente que o professor Pasquale ensina com exemplos do dia a dia.
Hoje, voltei com dicas sobre "crase" e espero que esclareça algumas dúvidas que possam ter sobre essa matéria.
 
 
"Bem-vindo a..."

A origem do nome

Como sempre, o problema começa no começo, com perdão pela redundância. Não é sempre que se explica aos estudantes que crase não é o nome do acento, é o nome do fenômeno.
Quando se escreve "Seja bem-vindo à Bahia", por exemplo, ocorre crase da preposição "a", regida pela expressão "bem-vindo" ("bem-vindo a algum lugar"), com o artigo "a", exigido pelo substantivo feminino "Bahia" ("Moro na Bahia").
 O "a" de "bem-vindo a algum lugar" e o artigo "a" que antecede o nome "Bahia" se fundem num único "a", que recebe o acento indicador de crase, ou seja, acento grave. O resultado de "a" + "a" é "à", que se lê como "a", e não como "aa".
As Placas públicas
Pode-se concluir, então, que depois da expressão "bem-vindo" sempre haverá acento indicador de crase? É claro que não! Substitua "Bahia" por "Santa Catarina", por exemplo. O que ocorre? Pense comigo: pode-se dizer que alguém gosta da Bahia, mas não se pode dizer que alguém gosta "da" Santa Catarina, certo? Não é difícil perceber que "Santa Catarina" não admite artigo. Moral da história: "Seja bem-vindo a Santa Catarina".
E como andam nossas placas públicas? Mal, muito mal. Numa das entradas de Osasco, cidade da Grande São Paulo, lê-se esta mensagem, escrita em bela placa: "Bem vindo à Osasco". Faltou dizer que a cidade oferece polpuda recompensa a quem encontrar o hífen, perdido sabe Deus onde. Escreve-se "bem-vindo, com hífen, já que se trata de palavra composta.
Além da falta do hífen, há (para variar) emprego inadequado do acento indicador de crase em "à Osasco". Alguém se habilita a morar "na" Osasco? Você conhece alguém que tenha nascido "na" Osasco ou que vá "da" Osasco para algum lugar do planeta?
Se as pessoas moram "em" Osasco e vão "de" Osasco para algum lugar, não há motivo para que se coloque o acento grave em "à Osasco". Alô, pessoal da prefeitura de Osasco, que tal mandar trocar a placa? Vamos lá:
"Bem-vindo a Osasco".
Como se vê, a coisa parece mais ou menos simples, mas muita gente se encarrega de torna-la complicada: a escola, que nem sempre cumpre sua parte a contento, os órgãos públicos, que não se esforçam para informar corretamente, etc.

Essa foi mais uma aula do professor Pasquale, do Português passo a passo, por dentro dos ensinamentos sobre crase.
Vocês perceberam o bom estado de humor e da simplicidade em ensinar citando exemplos do cotidiano?
Em breve, voltarei com mais dicas de Português para vocês.
Abraços da amiga Janete

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Concordância nominal

Olá, meus queridos amigos.
Voltamos com mais umas dicas de concordância nominal e essa aula vai esclarecer muitas dúvidas evitando alguns constrangimentos na hora de se expressar.


Obrigado, muito obrigado

“Terminei o texto anterior afirmando que o pouco uso de “obrigado” no plural faz com que, quando seja dito, seja recebido com estranheza pela maioria das pessoas.
Talvez seja essa a razão pela qual o professor Celso Luft faz esta observação: “A própria insistência em alertar para essa regra de concordância prova que a invariabilidade é frequente, usual”. A invariabilidade a que Luft se refere consiste no uso (muito comum no Brasil) da forma “Obrigado!” como invariável, ou seja, dita por homens e mulheres, em seu próprio nome ou no de grupos de que façam parte.
Para ilustrar esse fato, Luft cita estes exemplos: “Muito obrigado, querido” (frase dita por uma mulher); “Vamos bem, obrigado”. Em linguagem culta, no entanto (como diz o próprio Luft em dezenas de situações semelhantes), convém usar a forma originária, o que implica fazer a concordância de “obrigado” com o sexo do ser que agradece: um homem diz “Obrigado!”, e uma mulher diz “Obrigada!”.
Note ainda a necessidade de também concordar a palavra “mesmo”.
Uma mulher deve dizer “eu mesma”. Se estiver falando em nome de um grupo exclusivamente feminino, deve dizer “nós mesmas”.”
OBS: Nesse texto tivemos apenas uma palavra da Reforma Ortográfica: “frequente


“Menas”?
“Alguns leitores me perguntam se é possível dizer “menas”. A palavra “menas” simplesmente não é registrada por nenhum dicionário. “Menos” é palavra invariável, ou seja, vale para o singular, plural, masculino, feminino. Portanto você deve ingerir “menos açúcar”, “menos batatas fritas”, “menos alimentos gordurosos”, “menos carnes vermelhas”. Esqueça definitivamente a palavra “menas”.

                                                                                                                            


Ela está “meio nervosa”?
Ou será “meia nervosa”? Você já disse ou já ouviu alguém dizer que uma mulher está “muita cansada”? Ou “muita nervosa”? “Não mexa com ela; ela está muita tensa.” Já disse isso? Já ouviu isso? Certamente, não. Mas “Ela está meia nervosa” você já ouviu. Será também que já não disse?
Na língua do dia-a-dia, nem sempre os mecanismos impostos pela gramática normativa “pegam”. E esse é o caso da concordância da palavra “meio”: a gramática diz uma coisa, mas o povo faz outra. É bom lembrar que palavra que modifica adjetivo não varia, ou seja, não sofre alteração. Quando se diz “mulher bonita”, “mulher” é substantivo, “bonita” é adjetivo.
Como você poderia modificar o adjetivo “bonita”? Poderia dizer “mulher muito bonita”, por exemplo. “Bonita” é palavra feminina, mas não foi necessário fazer a concordância da palavra “muito”. Não se diz “mulher muita bonita”, exatamente porque “muito modifica o adjetivo “bonita” e, como já afirmei, palavra que modifica adjetivo é invariável.
Esse raciocínio vale para todas as situações semelhantes: “mulher muito poderosa”, “mulher muito admirada”, mulher muito sábia”.
E no plural? Ocorre exatamente a mesma coisa; “mulheres muito bonitas”, “mulheres muito nervosas” ”mulheres muito poderosas” etc.
“Muito”
Notou que não se modifica a palavra “muito”? Não se modifica justamente porque está vinculada a um adjetivo. Então, se a mulher é “muito nervosa”, só pode ser ou estar “meio nervosa”, “meio cansada”, “meio preocupada”, meio confusa”.
Na língua do dia-a-dia, essa concordância não “pegou”. O povo gosta mesmo é de dizer “meia nervosa”, “meia chateada”. E até em escritores clássicos, como Machado e Herculano, há casos semelhantes. Modernamente, de acordo com a gramática normativa, por todas as razões já expostas, não se recomenda o uso de “meia nervosa”.
O leitor talvez já esteja intrigadíssimo com a afirmação de que “muito” não varia.
Não se diz “muitas laranjas”? Não se diz “muitas mulheres”? É claro que sim, mas, por favor, note que a história agora é outra. “Laranjas” e “mulheres” não são adjetivos: são substantivos. E palavra que modifica substantivo varia. Então você diz “muito arroz”, “muita carne”, “muitos ovos”, “muitas bananas”. Aonde chegaremos? Ao famoso caso de “meio-dia e meia”.
“Meia”
Porque está oculta a palavra “hora”, que não é adjetivo, mas substantivo. Hora é nome de um período de sessenta minutos e, se é nome de algo, é substantivo. E, como já vimos, palavra que modifica substantivo varia.
Então, de acordo com a gramática normativa, deve-se dizer “Ela está meio nervosa porque ficou na fila até meio-dia e meia”. E no plural? É simples: “Elas estão meio nervosas porque ficaram na fila até meio-dia e meia”.

“Meio-irmão”
Vale a pena lembrar a palavra “meio-irmão”, cada vez mais usada nestes tempos de casamentos que não duram muito. A palavra “meio” modifica a palavra “irmão”, substantivo. Não vou repetir a regra, você já a conhece. O plural só pode ser “meios-irmãos”. No feminino, “meias-irmãs”.
Note que, se você dissesse “Elas são meio irmãs”, o sentido seria completamente diferente. Não haveria entre elas nenhuma ligação de sangue, e sim uma amizade tão forte que as transformaria em “quase irmãs”. Nesse caso, “irmãs” passaria a ser adjetivo, como quando se diz “país irmão”, “alma irmã”.
Eles são “meios-irmãos”: flexão dos dois termos.

Como escrever as horas
Existe uma convenção internacional, da qual o Brasil é signatário, que estipula o seguinte: o símbolo de horas é “h”, o de minuto é “min”. Nada de “hs”, nada de “7:00”, nada de “7,00”. Horas e minutos se juntam: “O jogo começa às 21h30min”, “A reunião começou às 7h”.
Ainda sobre como escrever as horas
Há diferença entre a duração de algo e a indicação de hora certa? Não. Escreva “O jogo começou às 9h30min”. Tudo junto? Sim, sem espaço entre os números e os símbolos. Para a duração de algo, o processo é o mesmo. Se precisar abreviar, escreva: “O filme durou 2h30min”; “A aula durou 55min”.

Essa aula foi maior, mas não tinha como interromper esses exemplos maravilhosos e bem explicados e a gente se envolve e nem percebe.
Um lembrete: para quem não acompanha o “Português passo a passo” desde o início, essas dicas são diretas dos livros Português passo a passo do professor Pasquale Cipro Neto.
Um presente para os amigos leitores e seguidores de janetenaweb, pelos 5 anos do nosso blog da amizade.

Abraços da amiga Janete.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Português passo a passo - concordância nominal

Olá, meus queridos amigos.
Hoje, no “Português passo a passo”, o professor Pasquale vai falar sobre os principais casos de Concordância Nominal. Assim como na concordância verbal, o professor trabalha em cima de exemplos sobre alguns casos corriqueiros e chega a ser divertido aprender dessa forma ficando mais “familiarizado”, vocês não acham?


“Obrigados nós!”
Nesse exemplo, o professor fala dessa expressão com um texto muito interessante e explicativo.

“Há alguns anos, Caetano Veloso e Jorge Mautner gravaram, juntos, um belo CD, fizeram diversas apresentações pelo país e estiveram em alguns programas de televisão. Quando terminaram de cantar no “Altas Horas”, do querido Serginho Groisman, Caetano e Mautner receberam um emocionado (e repetido) “Obrigado!”. Incontinenti, Caetano respondeu, em seu nome e no de Mautner: “Obrigados nós!”. E Mautner repetiu: “Obrigados nós!”
A questão do agradecimento em português intriga muita gente. Nas minhas andanças pelo peís, em palestras para todo o tipo de público, nunca escapo das perguntas sobre esse assunto: “Mulher tem de dizer ‘obrigada’? E como se responde a quem agradece?” Não faltam “teorias” sobre o assunto.
Uma delas diz que o agradecimento não depende de quem o faz, mas de quem o recebe.
Sendo assim, dir-se-ia “obrigado” a um homem e “obrigada” a uma mulher. Por favor, por caridade, por clemência, esqueça isso.
Nossa forma de agradecer difere das de nossos irmãos neolatinos. Os italianos dizem “grazie”; os espanhóis, “gracias”; os franceses, “merci” (que tem a mesma origem de “mercê”, que significa  “graça”, “favor”, “benefício”). E de onde vem o nosso “obrigado” (ou “obrigada”)?
Vem mesmo da ideia de obrigação, de sentir-se obrigado, de ficar obrigado (a alguém, por algo). Ao pé da letra, quem diz “obrigado/a” assume a obrigação de retribuir o favor recebido.
Originariamente, o termo “obrigado” é o particípio de “obrigar”. No caso da expressão de agradecimento, é usado como adjetivo, o que impõe sua concordância com o sexo do ser que agradece, isto é, do ser que se sente “obrigado”, que assume a obrigação de retribuir o favor recebido.
Bem, o que vimos aqui é a teoria, que não raramente é posta em prática, como comprovam o exemplo de Caetano, o de Mautner e o de muitas pessoas que, quando falam em seu próprio nome, dizem “Obrigado/a!”
“Muito obrigado/a!” ou “Obrigado/a eu!”. O fato é que, no singular, os termos “obrigado” e “obrigada” não causam estranheza, o que talvez não se possa dizer do plural. Alguém que fizesse um discurso em nome de um grupo e terminasse com algo como “Só nos resta fizer ‘muito obrigados’ a todos os que...” provavelmente surpreenderia boa parte da plateia.
Moral da história
Um homem diz “obrigado” (a quem quer que seja); uma mulher diz “obrigada” (a quem quer que seja). E alguém que fala em seu nome e no de outra pessoa? É aí que entra o fato protagonizado por Caetano e Mautner. Caetano agradeceu em nome da dupla, por isso disse “Obrigado nós!” (“Obrigados estamos nós!”; “Obrigados ficamos nós!”).
E o que diria uma mulher que agradecesse em seu nome e no de outras mulheres? Diria “Obrigadas!” (ou “Muito obrigadas!”).

Vocês perceberam as palavras sublinhadas? Estão atualizadas de acordo com a Reforma Ortográfica: ideia e plateia.
Então, gostaram dessa aula? Foram ótimas dicas sobre a expressão “Obrigada” no singular e no plural e com certeza vem muito mais por aí, mas ficará para a próxima semana e será uma aula muito produtiva, pois vai esclarecer muitas dúvidas, sobre concordância nominal.

Abraços da amiga Janete

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Português passo a passo - concordância verbal

Olá, meus queridos amigos.
Tenho certeza que já estavam ansiosos para mais uma dica legal da nossa língua portuguesa e como vimos na semana anterior, o professor Pasquale falou sobre "Concordâncias duras de engolir" e vamos dar sequência a esse tema, citando alguns exemplos, inclusive de um trecho da música "Folhetim", de Chico Buarque.
Vamos começar?
"Sou dessas mulheres..."
O que fazer, então? Se você um dia escrever textos literários, poderá muito bem valer-se desses recursos estilísticos e optar por processos típicos dessa linguagem, em que nem sempre a lógica gramatical da estrutura da frase prevalece. Se assim não fosse, Guimarães Rosa não existiria. 
Mas nem todos os mestres da literatura trabalham assim. Machado de Assis preferiu a concordância lógica, em "A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de nós", exemplo citado por Cegalla em uma de suas gramáticas. Muitas pessoas desconfiavam muito de nós. A baronesa era apenas uma delas.
A poesia emoldurada pela música popular também tem exemplos de opção pela concordância lógica. Vejamos um trechinho da letra de "Folhetim", canção de Chico Buarque gravada por Gal Costa e Fafá de Belém, entre outras de nossas cantoras.
"Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim"
Note que no trecho destacado foi omitida a palavra "uma", e, no lugar da tradicional palavra "das" ("uma das"), foi empregada a forma "dessas"-, "sou dessas mulheres que só dizem" -, mas o caso é o mesmo. "Dessas mulheres que só dizem sim", ela é uma. Chico Buarque preferiu a concordância lógica e usou o verbo no plural.
Concordância Lógica
Num texto jornalístico, científico ou técnico, será que faz sentido dizer, por exemplo, que "A china é um dos países que produz esse material"? Parece que não. Como justificar a forma "produz"? Ênfase para a China? Por quê? O que se quer dizer - claramente - é que, dos países produtores desse material, a China é um. Portanto parece mais adequado dizer "A China é um dos países que produzem esse material".
Na língua do dia-a-dia, entretanto, a tendência mais do que dominante é pelo verbo no singular. Mesmo na imprensa são comuns construções como "É uma das empresas que mais cresce no mercado". Nesse tipo de texto, o verbo no singular não parece ser a melhor opção. Não se quer dizer que a empresa é a que mais cresce, e sim que, das que mais crescem, ela é uma. Altere-se a frase, pois, para "É uma das empresas que mais crescem no mercado".
Você lê e ouve por aí, mas...
Se a expressão for simplesmente "um dos que" (ou "uma das que"), sem substantivo antes do "que", a necessidade de plural parece ainda mais forte: "Foi um dos que pediram sua condenação", "Foi uma das que negaram", "É um dos que pedem sua volta", "A empresa é uma das que exploram esse minério".
Lembre-se ainda destas expressões, que têm estrutura semelhante, como "Não sou dos que acreditam", "Não sou dos que fazem", "Não sou daqueles que gritam", todas corretíssimas.
Um outro caso
Não se deve confundir a estrutura "um dos que" seguida de verbo ("Ele é um dos deputados que integram a Comissão de Direitos Humanos") com a de frases como esta: "Um dos deputados da Comissão de Direitos Humanos deve assumir o Ministério da Justiça.
A história é outra. O que se diz é que, dos deputados que integram a Comissão de Direitos Humanos, um (apenas um) deve assumir o Ministério da Justiça. Não assumirão vários deputados, mas apenas um. Devagar com o andor, portanto.

Estão gostando das dicas? 
A Língua Portuguesa é mesmo muito complexa, mas com essas explicações vamos aprender e aplicá-la melhor, principalmente nas conversações, que muitas vezes deixamos de falar certo com medo de errar nas concordâncias e o embaraço é fatal.
Esses foram alguns dos muitos exemplos que teremos com a ajuda desse querido professor.
Na próxima semana vamos iniciar o passo a passo dos principais casos de "concordância nominal". 
Abraços da amiga Janete

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Português passo a passo - concordância verbal

Olá, meus queridos amigos.
 Gostaram do nosso "bate-papo" dos 5 anos de janetenaweb? Ainda não leram? Não tem problema; está no "Conversando com você". Como prometi, hoje estamos iniciando mais uma categoria: "Português passo a passo" baseado nos livros do professor Pasquale Cipro Neto, que será apresentado todas as terças-feiras.

Nessa apresentação vamos conhecer os principais casos de Concordância Verbal.
"Cuidado! Quando você começa uma frase pelo verbo, pode acabar se dando mal na concordância com o sujeito."

"Haviam muitas pessoas no show" ou Havia muitas pessoas"? "É uma hora da tarde" ou São uma hora da tarde"?

Isso e muito mais vamos aprender com o professor e o que ele tem a nos dizer sobre esses e muitos outros casos.
Vai ser muito interessante, pois o professor Pasquale tem uma linguagem simples e direta, citando exemplos do dia a dia e o mais importante, é que em cada texto ele destaca as palavras que sofreram a Reforma Ortográfica e as palavras que foram modificadas, estarão sublinhadas e no final de cada edição, vou destacar a antiga e a nova ortografia de cada uma delas.
Concordâncias duras de engolir
O caso da concordância com a expressão "um dos que" é um dos casos que fazem muita gente balançar.
Quando se diz "A moça é uma das alunas mais brilhantes", não se hesita em afirmar que a concordância do adjetivo "brilhantes" é mais do que correta. Afinal, das alunas mais brilhantes da sala, ela é uma.
Note que não se diz que ela é a aluna mais brilhante da sala, e sim que é uma das mais brilhantes. Percebeu?
Uma das mais brilhantes.

O que significa "brilhante"?
Basta consultar um dicionário para constatar que brilhante é o que "brilha".
"Ladrilho brilhante" equivale a "ladrilho que brilha". E "ladrilhos brilhantes"? "Ladrilhos que brilham", claro. Então, se a moça é uma das mais brilhantes, parece mais do que lógico que se diga que "A moça é uma das que mais brilham".
Das que mais brilham, ela é uma.
O mesmo ocorre em "Ele é um dos deputados que mais trabalham". Afinal, ele não é o deputado que mais trabalha, mas um dos que mais trabalham, ou seja, dos que mais trabalham, ele é um, o que equivale a dizer que ele é um dos deputados mais trabalhadores.
Isso é o que diz a lógica da estrutura da frase. É também o que pregam muitos gramáticos, alegando que, pelos motivos que já expus, o verbo só pode mesmo ir para o plural. No entanto, não faltam na literatura bons autores que tenham desrespeitado essa interpretação lógica do processo linguístico, optando pelo verbo no singular, em frases como "Ela é uma das mulheres que mais me encanta". O que justifica essa concordância é a ideia de que, com o verbo no singular, enfatiza-se "o verdadeiro agente do processo". Tradução: com o verbo no singular, a intenção do falante, efetivamente, é enfatizar quem encanta (e muito). Ela, no caso.
Efeitos de sentido
Quando se diz "ela é uma das mulheres que...", cria-se a expectativa de que virá, na sequência, algo que esclareça de que tipo de mulher se está falando, no qual se inclui "ela", aquela que se quer enfatizar.
Espera-se a frase equivalente a "das mulheres que me encantam, ela é uma". Parece lógico que a melhor forma de enfatizar o encantamento que tal mulher provoca não é incluí-la entre outras. Para destacá-la, talvez fosse mais adequado dizer algo como "De todas as mulheres, ela é a que mais me encanta". "A que mais me encanta", e não "uma das que mais me encantam". Parece que o efeito é diferente, não é?
Então, gostaram dessa primeira aula? Foi demais, não é mesmo?
Esse professor é muito paciente; afinal, ele explica muito bem e trabalha em cima de exemplos, sempre preocupado em passar o melhor e fazer com que entendamos também da melhor maneira possível.
Vocês perceberam as palavras grifadas? Fazem parte da Reforma Ortográfica.
Linguístico, ideia e sequência. Desse jeito que se escreve, ok?
Até a próxima, com a sequência de "Concordâncias duras de engolir".
Abraços da amiga Janete.