Olá, meus queridos amigos.
Vocês estão lembrados da homenagem ao querido escritor brasileiro, em 01 de agosto do ano passado? Foi um resumo de sua biografia, com dois lindos poemas: "Traduzir-se" e "Dois e Dois são Quatro".
Hoje, o nosso "Cantinho da Literatura" tem a honra de informar aos leitores desse espaço reservado aos nossos nobres escritores brasileiros, que no dia 09, na quinta-feira passada, Ferreira Gullar foi eleito para Academia Brasileira de Letras (ABL).
Ele vai ocupar a cadeira 37, vaga que era de Ivan Junqueira, morto em Julho.
Vejam como foi divulgado, no dia 09, a notícia sobre a eleição de Ferreira Gullar:
(Cintia
Sanchez/Divulgação/VEJA)
"O poeta
maranhense Ferreira Gullar foi eleito nesta quinta-feira o novo ocupante da
cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras (ABL), vaga que era do poeta Ivan
Junqueira, morto em 3 de julho por falência múltipla dos
órgãos. O poeta disputou o posto com o escritor José William Vavruk, que já
havia concorrido à cadeira 36, ocupada desde setembro de 2013 por Fernando Henrique Cardoso, José Roberto
Guedes de Oliveira, membro-fundador da Academia Indaiatubana de Letras, e
Ademir Barbosa Júnior, mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de São
Paulo (USP). O maranhense recebeu 36 dos 37 votos possíveis -- o que não foi
para ele ficou em branco.
Os
ocupantes anteriores da cadeira que agora pertence a Gullar foram Silva
Ramos, fundador – que escolheu como patrono o poeta Tomás Antônio Gonzaga –,
Alcântara Machado, Getúlio Vargas, Assis Chateaubriand e João Cabral de Melo
Neto.
O novo
“imortal” —
Ferreira Gullar, cujo nome verdadeiro é José de Ribamar Ferreira, nasceu em São
Luís do Maranhão em 10 de setembro de 1930. Aos 18 anos, passou a frequentar os
bares da cidade, então tomados por jovens que passavam as tardes lendo poesia.
A influência funcionou: poucos anos depois, eles fez as suas primeiras
investidas no mundo da literatura com poemas experimentais, reunidos em seu
livro de estreia, A Luta Corporal, de 1954.
O volume
contribuiu para o surgimento de um novo movimento literário no Brasil, o
concretismo, de que Gullar foi participante e, mais tarde, dissidente. Em 1959,
o poeta deu origem ao movimento neoconcreto, de que fizeram parte artistas como
Lygia Clark e Hélio Oiticica. Às vésperas do golpe militar, o maranhense se
afastou dos neoconcretistas e começou a escrever poemas políticos, sendo
processado, preso e exilado até 1977. Com a sua volta ao Brasil, passou a
escrever para jornais e lançou livros como Na Vertigem do Dia, Toda
Poesia (José Olympio Editora, 1980) e Barulhos (José Olympio
Editora, 1987)."
Ferreira Gullar durante a festa após ser eleito
imortal da ABL (Foto: Lívia Torres / G1
Cantiga para não morrer
Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.
Ferreira Gullar
Estou na caridade da evolução do meu ser. Quero ser menina, encontro-me mulher... Quero ser mulher, vejo-me menina...
Ferreira Gullar
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Ferreira Gullar
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Ferreira Gullar
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente
Ferreira Gullar
Leiam mais Ferreira Gullar. Vale muito a pena.
Abraços da amiga Janete