Olá meus queridos leitores.
O nosso "Cantinho da Literatura" descobriu uma "joia rara".
Assistindo ao Programa "Globo Cidadania", fiquei muito interessada pelo trabalho incrível e corajoso dessa jovem escritora, e quero dividir com vocês essa descoberta, para quem ainda não ouviu falar de Elizandra Souza.
Citada como JOVEM MULHER REVOLUCIONÁRIA - MJIBA.
ELIZANDRA SOUZA (MJIBA)
Nasceu em 03 de julho de 1983, no Jardim Iporanga, na periferia da Zona Sul de São Paulo. Aos dois anos de idade foi morar na cidade dos seus pais, Nova Soure, Bahia, na qual permaneceu por 11 anos. Retornou a Capital paulista em 1996 e nesse mesmo ano conheceu a cultura hip-hop. Editora do Fanzine Mjiba (2001 - 2005). Poeta da Cooperifa desde 2004. Publicou o livro de poesias Punga, co-autoria de Akins Kintê, pela Edições Toró, 2007. Participou das antologias Cadernos Negros, Sarau Elo da Corrente, Negrafias e colaborou em outras publicações. Formada em Comunicação Social - habilitação em Jornalismo pelo Mackenzie. Atualmente é editora e jornalista responsável da Agenda Cultural da Periferia - Ação Educativa.
Projeto literário envolve sete mulheres negras
"Águas da Cabaça" é o novo livro de Elizandra Souza
Com ilustrações de Salamanda Gonçalves e Renata Felinto, a obra faz parte do projeto 'Mjiba - Jovens Mulheres Negras em Ação' e reúne textos de sete mulheres negras em diferentes protagonismos.
"E é nessa cabaça que ela traz sonhos, esperanças e água/vida. Água essa que limpa e leva tudo que não for bom embora. A água que rompe barragens, faz nascer rios, corre para o mar e vira imensidão, o imensurável", assim diz Mel Adún, em um trecho do prefácio da obra, que ao longo das mais de 130 páginas, faz o leitor deparar-se com a alma pulsante da poesia negra e encanta-se com o concretismo de algumas poesias e com a graça das ilustrações em sincronismo com as letras.
O livro foi lançado na Ação Educativa na região Central de São Paulo (SP), no dia 26 de outubro de 2012 e teve como convidados a DJ Vivian Marques, que embalou a noite poética nas pick-ups. Os convidados contaram ainda com o pocket show da cantora Lívia Cruz e apresentação do Ballet Afro Koteban.
O livro é a segunda ação do projeto que foi contemplado pelo VAI - Valorização de Iniciativas Culturais 2012, da Secretaria de Cultura do Municipal de São Paulo.
Antologia 'Pretextos de Mulheres Negras' reúne 22 escritoras contemporâneas.
Livro organizado por Elizandra Souza e Carmen Faustino foi lançado no dia 31 de outubro de 2013, em São Paulo, SP.
Com a urgência poética de milhões de olhos surge, na literatura contemporânea, a antologia Pretextos de Mulheres Negras.
O volume de quase 140 páginas apresenta em cada uma das 22 autoras - 20 de São Paulo e as convidadas Queen Nzinga Maxweell (Costa Rica) e Tina Mucavele (Moçambique) - subjetividades e auto-representações, seja nos textos, nas imagens, nos perfis biográficos ou na forma como lutam por resistência, memória, pertencimento, ludicidade, corporeidade, musicalidade, religiosidade e outros valores presentes nas africanidades e na diáspora.
"Temos a intenção de religar os nossos vínculos ancestrais e também escrever a melodia dos nossos próprios ritmos", anuncia a organizadora do livro, Elizandra Souza.
A obra é parte das ações do coletivo Mjiba, que fortalece o protagonismo da mulher negra em diferentes esferas e foi também inspirada no livro "Oro Obínrin - 1º Prêmio Literário e Ensaístico sobre a Condição da Mulher Negra", publicado em 1998. O volume é também uma homenagem à escritora Maria Tereza (em memória) e faz também referência às crianças do círculo de convivência das autoras.
Na apresentação, as palavras de Conceição Evaristo "gosto de escrever, na maioria das vezes dói, mas depois do texto escrito é provável apaziguar um pouco a dor, eu digo um pouco... gosto de dizer ainda que a escrita é pra mim o movimento de dança-canto que o meu corpo não executa é a senha pela qual eu acesso o mundo" resumem o processo. "Este processo foi vivenciado pelas convidadas... somos a continuidade de mulheres negras e precisamos, como toda plantação, replantar e espalhar novas sementes", pontua Elizandra Souza.
CADERNOS NEGROS
Com o nascimento dos Cadernos Negros, no final da década de 70, nasciam também muitos sonhos e a esperança de uma geração que queria mudar a sociedade. Eu nasci com os Cadernos Negros!...
No dia 13 de dezembro de 2013 foi lançado mais uma edição do livro CADERNOS NEGROS 36 - CONTOS AFRO-BRASILEIROS.
Com a presença de alguns autores do livro residentes em São Paulo e Brasília e algumas participações especiais.
Autores do livro: Adilson Augusto, Cristiane Sobral, Cuti, Elizandra Souza, Fausto Antonio, Hildália Fernandes, Jairo Pinto, Lande Onawale, Lepê Correia, Michel Yakini, Serafina Machado, Sergio Ballouk, Silvana Martins, Valéria Lourenço.
Querem saber mais?
mjiba.blogspot.com
Abraços da amiga Janete
A PRESENÇA DO NEGRO na literatura brasileira não escapa ao tratamento marginalizador que, desde as instâncias fundadoras, marca a etnia no processo de construção da nossa sociedade.
Evidenciam-se, na sua trajetória no discurso literário nacional, dois posicionamentos: a condição negra como objeto, numa visão distanciada, e o negro como sujeito, numa atitude compromissada.
Tem-se, desse modo, literatura sobre o negro, de um lado, e literatura do negro, de outro.
O negro como objeto: a visão distanciada
A visão distanciada configura-se em textos nos quais o negro ou o descendente de negro reconhecido como tal é personagem, ou em que aspectos ligados às vivências do negro na realidade histórico-cultural do Brasil se tornam assunto ou tema. Envolve, entretanto, procedimentos que, com poucas exceções, indiciam ideologias, atitudes e estereótipos da estética branca dominante.
Assim dimensionada, a matéria negra, embora só ganhe presença mais significativa a partir do século XIX, surge na literatura brasileira desde o século XVII, nos versos satíricos e demolidores de Gregório de Matos, como os do "Juízo anatômico dos achaques que padecia o corpo da República em todos os seus membros e inteira definição do que em todos os tempos é a Bahia", poema de que vale lembrar a seguinte passagem, a propósito, manifestamente reveladora:
A PRESENÇA DO NEGRO na literatura brasileira não escapa ao tratamento marginalizador que, desde as instâncias fundadoras, marca a etnia no processo de construção da nossa sociedade.
Evidenciam-se, na sua trajetória no discurso literário nacional, dois posicionamentos: a condição negra como objeto, numa visão distanciada, e o negro como sujeito, numa atitude compromissada.
Tem-se, desse modo, literatura sobre o negro, de um lado, e literatura do negro, de outro.
O negro como objeto: a visão distanciada
A visão distanciada configura-se em textos nos quais o negro ou o descendente de negro reconhecido como tal é personagem, ou em que aspectos ligados às vivências do negro na realidade histórico-cultural do Brasil se tornam assunto ou tema. Envolve, entretanto, procedimentos que, com poucas exceções, indiciam ideologias, atitudes e estereótipos da estética branca dominante.
Assim dimensionada, a matéria negra, embora só ganhe presença mais significativa a partir do século XIX, surge na literatura brasileira desde o século XVII, nos versos satíricos e demolidores de Gregório de Matos, como os do "Juízo anatômico dos achaques que padecia o corpo da República em todos os seus membros e inteira definição do que em todos os tempos é a Bahia", poema de que vale lembrar a seguinte passagem, a propósito, manifestamente reveladora:
"Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Quem a pôs neste recrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E a maior desta loucura?... Usura.
Notável desaventura
De um novo néscio e sandeu
Que não sabe que o perdeu
Negócio, ambição, usura.
Quem são seus doces objetos?... Pretos.
Tem outros bens mais maciços?... Mestiços.
Quais destes lhe são mais gratos?... Mulatos.
Dou ao demo os insensatos,
Dou ao demo a gente asnal,
Que estima por cabedal
Pretos, mestiços, mulatos.