Olá meus queridos amigos.
Sabemos que a concordância verbal é um caso complicado de se entender, mas tenho certeza que não será mais, com os exemplos que teremos a partir dessa edição com o nosso querido professor.
Nas duas postagens sobre concordância verbal que estão disponíveis no PORTUGUÊS PASSO A PASSO do nosso blog, tivemos exemplos de "Concordância duras de engolir" e "Sou dessas mulheres..." inspirados na música "Folhetim" de Chico Buarque; um jeito muito especial que o professor Pasquale encontra para que aprendamos na prática de alguns casos corriqueiros, como ele já citou.
"Cuidado! Quando você começa uma frase pelo verbo, pode acabar se dando mal na concordância com o sujeito".
"Qualquer dos cônjuges podem..."
Com quem ficam os filhos quando um casal se separa?
Esse é o assunto de muitos dos nossos telejornais. "Os tempos mudaram. Hoje, qualquer dos cônjuges podem exigir a guarda dos filhos", afirmou-se no texto lido pelo apresentador.
Diga lá, caro leitor: a concordância que se verifica em "podem" é aceitável nesse tipo de texto? Se não é, por que não é? E qual seria o motivo que leva redatores ou falantes a optar por essa flexão verbal?
Pois bem. A forma verbal "podem", da terceira pessoa do plural, é inadequada; deveria ser substituída por "pode" (Qualquer dos cônjuges pode..."). A terceira pessoa do singular é exigida pelo núcleo do sujeito ("qualquer", pronome indefinido singular).
De onde surgiu "podem"?
Não é difícil explicar. Quando o núcleo do sujeito está no singular, mas é seguido de especificadores no plural, é normal que o redator (ou o falante) se deixe influenciar pela proximidade do verbo com esses elementos e acabe por flexiona-lo no plural.
O redator fez o verbo ("podem") concordar com "cônjuges". Cá entre nós, a distância entre o verbo e o núcleo do sujeito não é tão grande assim, o que prova que é muito forte a influência do fator "proximidade".
É de notar também que talvez haja outro fator que induza o redator a empregar o verbo no plural: a ideia contida na expressão "qualquer dos cônjuges". Percebeu? Em última análise, informa-se que os dois cônjuges podem.
Bem, depois de vistos os possíveis motivos do emprego da opção inadequada, convém dizer que, nesses casos, a concordância não é feita com a ideia, mas com a forma. A flexão adequada é mesmo "pode": Qualquer dos cônjuges pode...".
Outros exemplos
Quanto maior é a distância entre o verbo e o núcleo do sujeito, maior é o risco de se deixar influenciar pelo plural dos especificadores, isso explica por que dizemos ou lemos frases como "Em São Paulo, o valor dos aluguéis dos apartamentos de três quartos localizados em bairros nobres subiram".
Não se pode negar que é grande a tentação de colocar o verbo no plural, já que o núcleo do sujeito ("valor") está longe do verbo e é seguido de uma boa turma de elementos no plural ("dos aluguéis dos apartamentos de três quartos localizados nos bairros nobres").
Já em "Nenhum dos diretores consultados pelos jornalistas quiseram conceder entrevista", temos o pronome "nenhum", com o qual se observa o mesmo processo comentado acerca do emprego do pronome "qualquer".
"Nenhum" é zero, nada, por isso exige verbo no singular: "Nenhum dos diretores consultados pelos jornalistas quis conceder entrevista".
Por fim, em "Cada um de nós sabemos por que tomamos determinadas atitudes", o verbo deve concordar com "cada um": "Cada um de nós sabe...".
Fique alerta
Ao empregar "cada um de/dos/das", "nenhum/a de/dos/das", "qualquer de/dos/das", "o valor de/dos/das", "o preço de/dos/das" etc, tome cuidado. Não se deixe levar pela tentação de fazer o verbo concordar com os elementos mais próximos.
Realmente, o professor Pasquale tem um jeito especial de ensinar e esclarecer dúvidas sobre o nosso idioma, o nosso querido, mas complicado Português.
Assim como eu, espero que vocês tenham aprendido um pouco mais com o nosso "PORTUGUÊS PASSO A PASSO".
Até a próxima semana.
Abraços da amiga Janete