Olá, meus queridos amigos. Iniciando o mês de Julho, o nosso "Cantinho da Literatura" encerra as homenagens a esse querido escritor e compositor brasileiro,com "Meio-Termo" e "A casa", sabendo que foi apenas um "aperitivo" para todos que já conheciam e aos que pretendem saber mais sobre as obras de Cacaso. Tenho certeza que vão se surpreender.
Ah como tenho me enganado
Como tenho me matado
Por ter demais confiado
Nas evidências do amor
Como tenho andado certo
Como tenho andado errado
Por seu carinho inseguro
Por meu caminho ddeserto
Como tenho me encontrado
Como tenho descoberto
A sombra leve da morte
Passando sempre por perto
E o sentimento mais breve
Rola no ar e descreve
A eterna cicatriz
Mais uma vez
Mais de uma vez
Quase que eu fui feliz
A barra do amor
É que ele é meio ermo
A barra da morte
É que ela não tem meio termo
CACASO. Mar de Mineiro: poemas e canções (1982)
Poema integrante da série Papos de Anjo da Guarda.
Na minha infância quando chovia
Batia sobre o telhado
Uma pancada macia
A noite vinha de fora
E dentro de casa caía
Meu olho esquerdo dormia
Enquanto o outro velava
Havia portas rangendo
Lá fora o vento miava
No fundo da noite a casa
Parece que navegava
Meu coração passeava
Por uma sala sombria
Por este lado se entrava
Por este outro se olhava
E por nenhum saía
Na minha infância quando chovia
Batia sobre o meu peito
Uma suave agonia
A noite vinha de longe
E dentro da gente caía
Meu pai que sempre saía
Numa viagem calada
Havia vozes chamando
Na boca da madrugada
No fundo da noite a casa
Parece que despertava
Assombração que passava
No sopro da ventania
Por este lado se entrava
Por este outro se olhava
E por nenhum saía.
CACASO. Mar mineiro: poemas e canções de Pedro de Moraes
(1982)