Olá meus queridos
amigos e leitores.
Vocês que gostam de
uma boa leitura, já ouviram falar do livro “Canaã”?
Ofereço a todos, um
trecho desse famoso livro do querido escritor Graça Aranha e em seguida, uma
breve biografia para que vocês possam conhecer melhor esse outro gênio da
literatura brasileira.
“Não, eu não te fujo doce tristeza! Tu és a
reveladora do meu ser, a razão da minha energia, a força do meu pensamento.
Sobre ti me reclino, como si foras um insondável e voluptuoso abismo; teu me
atraes, e estendo-te os braços nesse doloroso e invencível amor, com que o
sonho ama o passado, a morte ama a vida. Antes de te conhecer, pérfida ilusão
me entorpecia os sentidos, e a minha frívola existência foi a lúgubre marcha do
inconsciente risonho por um caminho de dores. Nesse momento eu ainda te
buscava, sol moribundo! No meu rosto se estampava o riso contínuo e fatigante,
e ele afastava de mim os homens, para quem a eterna alegria é morte... Mas tu,
Tristeza, não estavas longe. Tu te sentaste à minha porta, numa postura de
resignação e silêncio. E como esperaste! Um dia a alegria, de cansada, se
extinguiu, e então soou para mim a hora da paz
e da calma, entraste. E como desde logo amei a nobreza do teu gesto! Oh!
Melancolia! Minha alma é a morada tranquila onde reinas docemente.
A dor é boa, porque faz despertar em nós
uma consciência perdida; a dor é bela, porque une os homens. É a liga intensa
da solidariedade universal... A dor é fecunda, porque é a fonte do nosso
desenvolvimento, a perene criadora da poesia, a força da arte. A dor é
religiosa, porque nos aperfeiçoa, e nos explica a nossa fraqueza nativa.
Tristeza! Tu me fazes ir até ao fundo das
remotas raízes do meu espírito. Por ti compreendo a agonia da vida; por ti, que
és o guia do sofrimento humano, por ti, faço da dor universal a minha própria
dor... Que o meu rosto não mais se desfigure pelas viagens do riso cansado e
matador; dá-me a tua serenidade, a tua séria e nobre figura... Tristeza, não me
desampares... Não deixes que o meu espírito seja a preza da vã alegria...
Curva-te sobre mim; envolve-me com o teu véu protetor... Conduz-me, oh! Bemfazeja!
Aos outros homens... Tristeza salutar! Melancolia!”
José Pereira da Graça Aranha (São Luís, 21 de junho de 1868 – Rio de
Janeiro, 26 de janeiro de 1931) foi um escritor e diplomata brasileiro, e um
imortal da Academia Brasileira de Letras, considerado um autor pré-modernista
no Brasil, sendo um dos organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922.
Devido aos cargos que ocupou na diplomacia brasileira em países
europoeus, ele esteve a par dos movimentos vanguardistas que surgiam na Europa,
tendo tentado introduzi-los, à sua maneira, na literatura brasileira, rompenso
com a Academia Brasileira de Letras por isso em 1924.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Biografia
Nascido em uma família abastada do
Maranhão, Graça Aranha graduou-se em direito pela Faculdade do Recife e exerceu
cargos na magistratura e na carreira diplomática.
Como diplomata, serviu em Londres,
com Joaquim Nabuco, e foi ministro na Noruega, Holanda e na França, onde se
aposentou.
Assumiu o cargo de juiz de direito no
Rio de Janeiro, ocupando depois a mesma função em Porto do Cachoeiro (hoje
Santa Leopoldina), no Espírito Santo. Nesse município ele buscou elementos
necessários para criar sua obra mais importante, Canaã. Esta é um marco do
chamado pré-modernismo, publicada em 1902, junto com a obra Os Sertões, de
Euclides da Cunha.
Graça Aranha apresentou uma visão
filosófica e artística assimilada de fontes muito diferentes e às vezes
contraditórias.
Participou da Semana de Arte Moderna
de 1922, sendo um dos seus organizadores, quando pronunciou o texto A Emoção
Estética na Arte Moderna, defendendo uma arte, uma poesia e uma música novas,
com algo do “Espírito Novo” apregoado por Apollinaire. Rompe com a Academia
Brasileira de Letras em 1924, a qual acusou de passadista e dotada de total
imobilismo literário. Ele chegou a declarar “Se a Academia se desvia desse
movimento regenerador, se a Academia não se renova, morra a Academia!”.
Obras:
Canaã,1902
Malazarte, 1911
A Estética da Vida, 1921
Espírito Moderno, 1925
Futurismo (manifesto de Marinetti e
seus companheiros), 1926
A Viagem Maravilhosa, 1929
O manifesto dos mundos sociais, 1935
Pensamentos:
“A civilização é uma violência do
homem à natureza”
“Aquele que transforma em beleza
todas as emoções sejam de melancolia, de tristeza, prazer ou dor, vive na
perfeita alegria.”
Graça Aranha
É sempre interessante saber e
conhecer mais sobre esses maravilhosos pensadores, escritores brasileiros e uma
oportunidade de resgatar as lembranças das boas leituras do nosso tempo de
escola, quando a leitura, de obrigatória, passava a ser prazerosa; e dávamos
valor a essas obras que enriqueciam nossos conhecimentos e sonhos, viajando nas
reflexões dos textos.
Bom dia a todos, e até a próxima
quinta feira.
Abraços da amiga Janete
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