Concordância nominal

Olá, meus queridos amigos.
Voltamos com mais umas dicas de concordância nominal e essa aula vai esclarecer muitas dúvidas evitando alguns constrangimentos na hora de se expressar.


Obrigado, muito obrigado

“Terminei o texto anterior afirmando que o pouco uso de “obrigado” no plural faz com que, quando seja dito, seja recebido com estranheza pela maioria das pessoas.
Talvez seja essa a razão pela qual o professor Celso Luft faz esta observação: “A própria insistência em alertar para essa regra de concordância prova que a invariabilidade é frequente, usual”. A invariabilidade a que Luft se refere consiste no uso (muito comum no Brasil) da forma “Obrigado!” como invariável, ou seja, dita por homens e mulheres, em seu próprio nome ou no de grupos de que façam parte.
Para ilustrar esse fato, Luft cita estes exemplos: “Muito obrigado, querido” (frase dita por uma mulher); “Vamos bem, obrigado”. Em linguagem culta, no entanto (como diz o próprio Luft em dezenas de situações semelhantes), convém usar a forma originária, o que implica fazer a concordância de “obrigado” com o sexo do ser que agradece: um homem diz “Obrigado!”, e uma mulher diz “Obrigada!”.
Note ainda a necessidade de também concordar a palavra “mesmo”.
Uma mulher deve dizer “eu mesma”. Se estiver falando em nome de um grupo exclusivamente feminino, deve dizer “nós mesmas”.”
OBS: Nesse texto tivemos apenas uma palavra da Reforma Ortográfica: “frequente


“Menas”?
“Alguns leitores me perguntam se é possível dizer “menas”. A palavra “menas” simplesmente não é registrada por nenhum dicionário. “Menos” é palavra invariável, ou seja, vale para o singular, plural, masculino, feminino. Portanto você deve ingerir “menos açúcar”, “menos batatas fritas”, “menos alimentos gordurosos”, “menos carnes vermelhas”. Esqueça definitivamente a palavra “menas”.

                                                                                                                            


Ela está “meio nervosa”?
Ou será “meia nervosa”? Você já disse ou já ouviu alguém dizer que uma mulher está “muita cansada”? Ou “muita nervosa”? “Não mexa com ela; ela está muita tensa.” Já disse isso? Já ouviu isso? Certamente, não. Mas “Ela está meia nervosa” você já ouviu. Será também que já não disse?
Na língua do dia-a-dia, nem sempre os mecanismos impostos pela gramática normativa “pegam”. E esse é o caso da concordância da palavra “meio”: a gramática diz uma coisa, mas o povo faz outra. É bom lembrar que palavra que modifica adjetivo não varia, ou seja, não sofre alteração. Quando se diz “mulher bonita”, “mulher” é substantivo, “bonita” é adjetivo.
Como você poderia modificar o adjetivo “bonita”? Poderia dizer “mulher muito bonita”, por exemplo. “Bonita” é palavra feminina, mas não foi necessário fazer a concordância da palavra “muito”. Não se diz “mulher muita bonita”, exatamente porque “muito modifica o adjetivo “bonita” e, como já afirmei, palavra que modifica adjetivo é invariável.
Esse raciocínio vale para todas as situações semelhantes: “mulher muito poderosa”, “mulher muito admirada”, mulher muito sábia”.
E no plural? Ocorre exatamente a mesma coisa; “mulheres muito bonitas”, “mulheres muito nervosas” ”mulheres muito poderosas” etc.
“Muito”
Notou que não se modifica a palavra “muito”? Não se modifica justamente porque está vinculada a um adjetivo. Então, se a mulher é “muito nervosa”, só pode ser ou estar “meio nervosa”, “meio cansada”, “meio preocupada”, meio confusa”.
Na língua do dia-a-dia, essa concordância não “pegou”. O povo gosta mesmo é de dizer “meia nervosa”, “meia chateada”. E até em escritores clássicos, como Machado e Herculano, há casos semelhantes. Modernamente, de acordo com a gramática normativa, por todas as razões já expostas, não se recomenda o uso de “meia nervosa”.
O leitor talvez já esteja intrigadíssimo com a afirmação de que “muito” não varia.
Não se diz “muitas laranjas”? Não se diz “muitas mulheres”? É claro que sim, mas, por favor, note que a história agora é outra. “Laranjas” e “mulheres” não são adjetivos: são substantivos. E palavra que modifica substantivo varia. Então você diz “muito arroz”, “muita carne”, “muitos ovos”, “muitas bananas”. Aonde chegaremos? Ao famoso caso de “meio-dia e meia”.
“Meia”
Porque está oculta a palavra “hora”, que não é adjetivo, mas substantivo. Hora é nome de um período de sessenta minutos e, se é nome de algo, é substantivo. E, como já vimos, palavra que modifica substantivo varia.
Então, de acordo com a gramática normativa, deve-se dizer “Ela está meio nervosa porque ficou na fila até meio-dia e meia”. E no plural? É simples: “Elas estão meio nervosas porque ficaram na fila até meio-dia e meia”.

“Meio-irmão”
Vale a pena lembrar a palavra “meio-irmão”, cada vez mais usada nestes tempos de casamentos que não duram muito. A palavra “meio” modifica a palavra “irmão”, substantivo. Não vou repetir a regra, você já a conhece. O plural só pode ser “meios-irmãos”. No feminino, “meias-irmãs”.
Note que, se você dissesse “Elas são meio irmãs”, o sentido seria completamente diferente. Não haveria entre elas nenhuma ligação de sangue, e sim uma amizade tão forte que as transformaria em “quase irmãs”. Nesse caso, “irmãs” passaria a ser adjetivo, como quando se diz “país irmão”, “alma irmã”.
Eles são “meios-irmãos”: flexão dos dois termos.

Como escrever as horas
Existe uma convenção internacional, da qual o Brasil é signatário, que estipula o seguinte: o símbolo de horas é “h”, o de minuto é “min”. Nada de “hs”, nada de “7:00”, nada de “7,00”. Horas e minutos se juntam: “O jogo começa às 21h30min”, “A reunião começou às 7h”.
Ainda sobre como escrever as horas
Há diferença entre a duração de algo e a indicação de hora certa? Não. Escreva “O jogo começou às 9h30min”. Tudo junto? Sim, sem espaço entre os números e os símbolos. Para a duração de algo, o processo é o mesmo. Se precisar abreviar, escreva: “O filme durou 2h30min”; “A aula durou 55min”.

Essa aula foi maior, mas não tinha como interromper esses exemplos maravilhosos e bem explicados e a gente se envolve e nem percebe.
Um lembrete: para quem não acompanha o “Português passo a passo” desde o início, essas dicas são diretas dos livros Português passo a passo do professor Pasquale Cipro Neto.
Um presente para os amigos leitores e seguidores de janetenaweb, pelos 5 anos do nosso blog da amizade.

Abraços da amiga Janete.

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