Ferreira Gullar

Olá, meus queridos amigos.
O nosso Cantinho da Literatura vai iniciar o mês falando um pouco sobre esse magnífico escritor, mas devido à sua extensa biografia, vou deixar como "aperitivo" um pequeno resumo da vida desse homem fabuloso, com algumas de suas poesias e frases e com certeza, vai despertar a curiosidade para uma pesquisa sobre a sua vida e suas obras.

Ferreira Gullar é poeta, crítico de arte e ensaísta brasileiro. Abriu caminho para a "Poesia Concreta", com livro "Luta Corporal". Organizou e liderou o movimento literário "Neoconcreto".
Ferreira Gullar nasceu em São Luís, Maranhão, no dia 10 de setembro de 1930. Iniciou seus estudos em sua cidade natal. No início da década de 60, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde participou do Centro Popular de Cultura da extinta União Nacional do Estudante. Após a edição do A-I nº 5, em 1968, Ferreira Gullar é preso e exilado em Paris e depois em Buenos Aires. Em 1977, é absolvido pelo STF e retorna ao Brasil.
Ferreira Gullar ganhou diversos prêmios da literatura, entre eles, o Prêmio Jabuti de melhor livro de ficção de 2007, com "Resmungos". Também teve reconhecimento pelo Prêmio Camões em 2010. No mesmo ano, recebeu o título de Doutor Honoris Causa, da UFRJ. Em 2011, recebeu o Prêmio Jabuti de Poesia.
"Hoje, o poeta Ferreira Gullar divide seu tempo entre poemas, análises e reflexões sobre artes plásticas escolhendo escrever rigorosamente sobre o que lhe apaixona; em aparições — quando convocado, no plenário do Conselho Federal de Cultura (órgão fictício na gestão do atual governo) e como consultor e redator da Rede Globo de Televisão realizando textos e adaptações para mini-séries e especiais. Até o início de 1995 foi presidente do IBAC (Instituto Brasileiro de Arte e Cultura), de onde saiu, por conspirações astrais, com larga cobertura da imprensa. "
TRADUZIR-SE
Uma parte de mim 
é todo mundo;
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
Ferreira Gullar

"Dois e Dois são Quatro"
Como dois e dois são quatro
Sei que a vida vale a pena
Embora o pão seja caro
E a liberdade pequena
Como teus olhos são claros
E a tua pele, morena
como é azul o oceano
E a lagoa, serena
Como um tempo de alegria
Por trás do terror me acena
E a noite carrega o dia
No seu colo de açucena
- sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
mesmo que o pão seja caro
e a liberdade pequena.
Ferreira Gullar
Nova Canção do Exílio
Minha amada tem palmeiras
Onde cantam passarinhos
e as aves que ali gorjeiam
em seus seios fazem ninhos
Ao brincarmos sós à noite
nem me dou conta de mim:
seu corpo branco na noite
luze mais do que o jasmim
Minha amada tem palmeiras
tem regatos tem cascata
e as aves que ali gorjeiam
são como flautas de prata
Não permita Deus que eu viva
perdido noutros caminhos
sem gozar das alegrias
que se escondem em seus carinhos
sem me perder nas palmeiras
onde cantam os passarinhos.
Ferreira Gullar
“[o sentido da minha vida] é inventado a cada momento, mas é claro que eu necessito da poesia, eu necessito da arte, eu necessito de estar discutindo essas coisas, de estar pensando nessas coisas que dão transcendência à vida. Eu não tenho dúvida alguma de que a arte é necessária porque a vida não é suficiente, porque senão qual era a necessidade de inventar a arte? A necessidade é essa: as pessoas necessitam dela, por mais que aconteça coisa no mundo, a arte sobrevive, como uma forma de acordo com o momento, com a época, ela é uma coisa necessária, como a ciência é necessária, como a filosofia é necessária, como a religião é necessária, como a política é necessária. “

Ferreira Gullar

"A Arte existe, PORQUE a vida não Basta!
Ferreira Gullar.
Na próxima semana, mais textos e pensamentos de Ferreira Gullar para vocês.
Até a próxima quinta-feira, se Deus quiser.
Abraços da amiga Janete


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