Olá, meus queridos amigos.
Voltei com mais algumas dicas sobre crase, segundo o professor Pasquale em Português passo a passo; e, para entender melhor a dica de hoje, o professor ensina de um jeito especial citando exemplos da sua própria experiência, vejam como ele apresenta essa aula:
Falsas elipses
"Certa vez, o leitor Arnaldo Augusto Nora Antunes, pai do querido compositor Arnaldo Antunes, escreveu para relatar que algumas pessoas justificam pela elipse (omissão de termo que se subentende) o acento indicador de crase em casos como o de "a 300 metros" ou o de "de Pirituba a Santo André".
No primeiro caso, estaria subentendida a expressão "distância de" ("à distância de 300 metros"); no segundo caso, a palavra "cidade" ("de Pirituba à cidade de Santo André").
O leitor disse que grafaria sem o acento grave, mas queria conhecer minha opinião a respeito.
Consulta frequente
Essa pergunta já me foi feita inúmeras vezes, em geral por pessoas que acreditam piamente que a elipse justifica o acento, que, por isso, seria correto. Mas o acento não é correto, não.
Ninguém se refere à Tíbia no masculino, ou seja, ninguém diz que fraturou "o tíbia", deixando subentendida a palavra masculina "osso".
Também não se ouve ninguém dizer que visitou "o Argentina", deixando implícita a palavra masculina "país".
À moda
Alguém talvez já esteja pensando em casos como o de "móveis à Luís XV", em que o acento indicador de crase se justifica exatamente pela elipse da palavra feminina "moda"
("móveis à moda de Luís XV").
O acento grave é facilmente comprovável com a troca de "moda" por "estilo", de que surge "ao" ("móveis ao estilo de Luís XV").
Como ficamos?
Vale a elipse em "à Luís XV", mas não vale em "a 300 metros" ou em "de Pirituba a Santo André"? São casos diferentes, bem diferentes.
Em nome da elipse da palavra "cidade", alguém teria coragem de dizer que mora "na Santo André"? Teria coragem de dizer que se apaixonou "pela Santo André"? E, em nome da elipse da expressão "distância de", teria coragem de dizer que corre "a 300 metros em 40 segundos"? Parece que não.
Definitivamente, não há como justificar o acento indicador de crase em "a 300 metros" ou em "de Pirituba a Santo André", já que, de uma vez por todas, "Santo André" e "300 metros" não admitem o artigo feminino "a".
Continue grafando sem o acento grave, caro Antunes.
É inadmissível
Vale a pena lembrar que o poder público - em seus vários níveis (municipal, estadual, federal) - não perde a oportunidade de disseminar o acento grave em placas como "Bem-vindo à São Paulo" ou "Retorno à 2 Km", o que é simplesmente vergonhoso e ridículo.
Proponho aos candidatos a prefeito vitoriosos que incluam em suas obras uma ampla faxina em todos esses desserviços públicos.
Não é preciso criar lei, decreto, portaria, nada. Basta pedir a alguém da Secretaria de Educação ou aos próprios municípios que se encarreguem do assunto, sem barulho, sem estardalhaço. Placas públicas com erros gramaticais são inadmissíveis.
Esse professor é demais! Tenho certeza que deu para esclarecer suas dúvidas sobre a "complicada crase", mas em breve, vocês terão mais dicas sobre crase, concordância verbal e concordância nominal.
Vejam as dicas anteriores, no link "PORTUGUÊS PASSO A PASSO", à esquerda da nossa página.
Abraços da amiga Janete