Boa noite, meus amigos.
Está sendo difícil escolher para cada semana, um escritor brasileiro a ser homenageado nesse espaço da literatura que preparei para vocês com muito carinho. São muitos os gênios da poesia, dos contos, romances, crônicas, enfim, desse fabuloso mundo literário que nos leva a "viajar na imaginação" e viver a realidade de tantas histórias fantásticas.
Hoje vocês vão saber um pouco sobre esse médico, escritor e memorialista da literatura brasileira; e fica a sugestão para quem procura bons livros.
Abraços da amiga Janete
Médico de formação, Pedro Nava é um dos principais memorialistas da literatura brasileira.
Pedro da Silva Nava - Nascido em Juiz de Fora, no dia 05 de junho de 1903.
Em 1921 Pedro da Silva Nava ingressou na Faculdade de Medicina em Belo Horizonte, onde fez amizade com Prudente de Morais Neto e com o futuro presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira.
Começou a ir ao Café Estrela, frequentado pelos escritores Carlos Drumond de Andrade, Abgar Renault, Emílio Moura, Aníbal Machado, João Alphonsus, bem como pelos políticos Milton Campos, João Pinheiro Filho, Gabriel Passos e Pedro Aleixo, futuro vice-presidente brasileiro. Também passou a colaborar com poemas na "Revista", órgão modernista mineiro.
Em 1925, encontrou-se em Belo Horizonte com os modernistas paulistanos e, com amigos, ciceroneou o grupo em visita às cidades históricas. Em 1928, ilustrou o Macunaíma, de Mário Andrade. Em 1931 mudou-se para Monte Aprazível, SP, abalado com o suicídio da namorada que sofria de leucemia. Dois anos depois foi para o Rio de Janeiro. Em 1938 escreveu o poema "O Defunto", publicado posteriormente junto com outros de seus poemas. Em 1943, casou-se com Antonieta Penido.
Durante muito tempo, Pedro Nava trocou correspondências com o poeta Manuel Bandeira. Em 1946, apareceu na antologia "Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos", organizada por Bandeira. Um ano depois publicou seu primeiro livro, "Território de Epidauro".
Em 1948 tornou-se Diretor do Departamento de Clínica Médica e Membro da Academia Brasileira de História das Ciências e viajou à Europa para aperfeiçoar seus estudos. Nos anos seguintes fez várias viagens ao exterior, ligadas à sua profissão de médico.
Em 1965 publicou "Evocação da Rua da Bahia", dedicado a Carlos Drumond de Andrade. Em 1968, aos 64 anos, começou a redigir as memórias. Em 1972, o primeiro volume, "Baú de Ossos" foi publicado. Seguiram-se "Balão cativo", Chão de ferro", Beira-Mar, "Galo- das- Trevas" e "O Círio Perfeito". Este último, recebeu em 1984, o prêmio "Livro do Ano", concedido pelo Museu de Literatura da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
Em 1973, recebeu, no Rio de Janeiro, o Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, concedido pelo Pen Club, e o Prêmio Personalidade Global - Setor Literatura, concedido pela Rede Globo de Televisão e pelo jornal "O Globo". No ano de 1974 recebeu o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte.
Em 1975 foi a vez do Prêmio Machado de Assis de Memórias ou Crônicas, do 9° Concurso Literário da Fundação Cultural do Distrito Federal, por "Balão Cativo".
O autor suicidou-se na Rua da Glória, no Rio de Janeiro, no dia 13 de maio de 1984.
Até os 70 anos de idade, Nava tinha escrito pouco e seu trabalho, apesar de aplaudido pela crítica e por autores de peso, como Drummond, Vinícius de Moraes e Manuel Bandeira, era tido como uma espécie de hobby para o médico competente. Foi sua obra memorialística, de peso e relevância, que fez dele um dos mais respeitados escritores do país.
Obras:
Capítulos de História da Medicina no Brasil - 1949
Baú de Ossos - 1972
Balão Cativo - 1973
Chão-de-Ferro - 1976
Beira-Mar - 1978
Galo-das-Trevas - 1981
O Círio Perfeito - 1983
"Não existem famílias que não venham, a um só tempo, do trono e da lama."
"Quando morto estiver meu corpo,"
"Essa festa de Bodas de Ouro virou legenda de família. Fala-se nela até hoje. Serve nossa cronologia. Nas Bodas. No tempo das bodas. Antes das bodas. Depois das bodas. O retrato das bodas."
"Tenhamos juízo-nós e eles-para que o Brasil não caia naquela odiosa história sem fim de perseguir o judeu porque ele é assim e do judeu porque é perseguido. Chega. Entretanto esses preconceitos é que fizeram necessários os linguistas paulistas e mineiros, que, com seus estudos e mais os do fluminense, dos baianos e pernambucanos, trouxeram imensa contribuição ao conhecimento da formação social e da antropogeografia do Brasil."
"Ele era político. Como político, capaz de idas e vindas, avanços e recuos, dos embustes, das negaças, das fintas, dos pulos-de-gatos, dos blefes que são o lote de todos os que pertencem a tal estado - do Príncipe de Maquiavel, de Luis XI, Churchill, ao último vereador de Santo Antônio do Desterro."