Jorge Amado - poesia

Olá meus queridos amigos.
Na semana passada, relembramos, com uma linda poesia, o escritor Mario Quintana. Hoje vamos nos presentear com um lindo poema de Jorge Amado, que foi um dos primeiros homenageados no nosso "Cantinho da Literatura".

JORGE AMADO
(1912-2001)  

ABC DE CASTRO ALVES
 
"A praça do povo, amiga, como o céu é do condor".
A praça é do povo, é o seu campo de batalha, onde ele protesta e luta.
Não vistes ainda a multidão se agitar na praça como um mar em tormenta
que destrói navios e invade o cais?
 
No tempo do poeta Castro Alves
Os negros eram escravos comprados em leilões,
Mercadoria que se vendia, trocava e explorava.
E em troca de tudo que eles deram ao branco,
Sua força, seu suor, suas mulheres e filhas,
A maciez da sua fala que adoçou a nossa fala,
Sua liberdade,
O branco lhe quis dar apenas,
Além do chicote, os deuses que possuía.
 
Mas os deuses os negros traziam da África,
Os deuses da floresta e do deserto,
E continuaram fiéis aos seus deuses
Por mais que rezassem aos deuses
Dos seus donos.
 
Do fundo das senzalas vinha o choro convulso
Dos negros no bater dos atabaques,
Quando chegava do longínquo das praças
A inquietação dos homens...
Era toda uma raça que sofria,
Se desesperava e reagia,
Conservando alguma coisa de seu,
Puramente seu.
 
Assim ele via o negro, magnífico, forte e belo,
Rompendo as cadeias, livre na sua força colossal..!
 
Lindo, não é mesmo?
Se quiserem rever a homenagem a Jorge Amado, foi em agosto de 2012, aqui, no nosso "Cantinho da Literatura"
Até a próxima semana com mais poesias para vocês.
Abraços da amiga Janete.
 

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