Lima Barreto

Boa noite meus amigos
Dando sequência ao nosso "Cantinho da Literatura", vou apresentar a quem não conhece, esse escritor bem brasileiro que foi Afonso Henriques de Lima Barreto.
Ele nasceu no Rio de Janeiro, em 1881. Seu pai era tipógrafo e sua mãe, professora.
Logo ap[ós a Proclamação da República, a família mudou-se para a Ilha do Governador, onde seu pai tornou-se administrador da colônia de doentes mentais.
Nessa época, com 16 anos, Afonso permaneceu no Rio de Janeiro, a fim de ingressar na Escola Politécnica, apesar do desejo do pai de que ele se formasse médico. Nessa escola, enfrentaria o preconceito racial - por ser mulato - e seria reprovado várias vezes, pois, em vez de assistir às aulas, passava horas na biblioteca estudando filosofia. Foi em jornais estudantis que publicou seus primeiros textos.
Em 1902, viu-se obrigado a abandonar a Escola Politécnica e a cuidar de sua família, pois o pai enlouquecera. Começou então a trabalhar como amanuense (escriturário) no Ministério da Guerra. Foi nessa época que começou a frequentar os cafés nos quais se reunia o meio jornalístico, e iniciou suas colaborações no "Correio da Manhã", já desenvolvendo seu trabalho de ficcionista.
Lima Barreto ficou conhecido como o "romancista da Primeira República", e sua obra faz uma crônica da vida carioca, retratando de modo crítico, de um lado, os subúrbios e sua população pobre e oprimida, e, de outro, o mundo vazio de uma burguesia medíocre.
De 1914 até o fim da vida, Lima Barreto alternou períodos de intensa produtividade e colaboração na imprensa com interrupções para tratamento em hospícios. Faleceu em 1922, vítima de colapso cardíaco.
A VIDA CONTURBADA DE LIMA BARRETO:
Seu primeiro romance, "Recordações do Escrivão Isaías Caminha", foi parcialmente publicado em 1907, na Revista Floreal, que ele mesmo havia fundado. Dois anos depois, o romance foi editado pela Livraria Clássica Editora. Em 1911, Lima Barreto publicou um de seus melhores romances, "Triste Fim de Policarpo Quaresma", e em 1915, a sátira política "Numa e a Ninfa".

Lima Barreto militou na imprensa, durante este período, lutando contra as injustiças sociais e os preconceitos de raça, de que ele próprio era vítima. Em 1914 passou dois meses internado no Hospício Nacional, para tratamento do alcoolismo. Neste mesmo ano foi aposentado do serviço público por um decreto presidencial.
 Em 1919 o escritor foi internado novamente num sanatório. As experiências deste período foram narradas pelo próprio Lima Barreto no livro "Cemitério dos Vivos". Nesse mesmo ano publicou a sátira "Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá", inspirada no Barão do Rio Branco, e ambientada no Rio de Janeiro.
 Lima Barreto candidatou-se em duas ocasiões à Academia Brasileira de Letras. Não obteve a vaga, mas chegou a receber uma menção honrosa. Em 1922 o estado de saúde de Lima Barreto deteriorou-se rapidamente, culminando com um ataque cardíaco. O escritor morreu aos 41 anos, deixando uma obra de dezessete volumes, entre contos, crônicas e ensaios, além de crítica literária, memórias e uma vasta correspondência. Grande parte de seus escritos foi publicada postumamente.
Essa foi a biografia do grande escritor brasileiro Lima Barreto. Mulato pobre, esse autodidata que retratou de modo sagaz e contundente o cotidiano de sua época.

Principais obras:

  • Romances: Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909); Triste fim de Policarpo Quaresma (1915); Numa e a ninfa (1915); Vida e morte de M.J. Gonzaga de Sá (1919), Clara dos Anjos (1948)
  • Sátira: Os Bruzundangas (1923); Coisas do Reino do Jambom (1953)
  • Contos: Histórias e sonhos (1920); Outras histórias e Contos Argelinos (1952)
Eis algumas de suas frases:
“as glórias das letras só as tem, quem a elas se dá inteiramente; nelas, como no amor, só é amado quem se esquece de si inteiramente e se entrega com fé cega” (Os bruzundangas).
“Só o álcool me dá prazer e me tenta… Oh! Meu Deus! Onde irei parar?” (Diário íntimo).
“(…) a arte literária se apresenta como um verdadeiro poder de contágio que a faz facilmente passar de simples capricho individual, para traço de união, em força de ligação entre os homens (…) a literatura reforça o nosso natural sentimento de solidariedade com os nossos semelhantes” (em um ensaio sobre o seu ponto de vista sobre a função da literatura).
“Não pretendo fazer coisa alguma pela pátria, pela família, pela humanidade. De resto, acresce que nada sei de história social, política e intelectual do país; que nada sei de geografia; que nada entendo de ciências sociais (…) vou dar um excelente deputado”.
“Em vários tempos e lugares, a loucura foi considerada sagrada, e deve haver razão nisso no sentimento que se apodera de nós quando, ao vermos um louco desarrazoar, pensamos logo que já não é êle quem fala, é alguém, alguém que vê por êle, interpreta as coisas por ele, está atrás dêle, invisível!…” (Triste fim de Policarpo Quaresma).
“Quem tem inimigos deve ter também bons amigos” (Triste fim de Policarpo Quaresma).
“o ensino superior fascina todos (…) Os seus títulos, como sabeis, dão tantos privilégios, tantas regalias, que pobres e ricos correm para ele. Mas são só três espécies que suscitam esse entusiasmo: o de médico, o de advogado e o de engenheiro…”
 (Os bruzundangas).

São esses heróis da nossa literatura que devemos prestigiar e pesquisar mais sobre as suas vidas e as suas obras, enriquecendo nossos conhecimentos e motivando o exercício da leitura.
Abraços da amiga Janete

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